01 novembro 2011

“Património à Prova de Água”. Azenhas e Açudes do Rio Ave em exposição na Biblioteca Municipal


"Património à Prova de Água". Azenhas e Açudes do Rio Ave em exposição na Biblioteca Municipal

"Património à Prova de Água: Apontamento para a salvaguarda das Azenhas & Açudes nas Margens do Rio Ave, Vila Nova de Famalicão / Trofa" é o título da exposição que vai ser inaugurada na próxima quinta-feira, dia 3 de Novembro, pelas 11h00, na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, em Vila Nova de Famalicão. A mostra organizada pela Câmara Municipal reúne informação sobre as 15 azenhas e 9 açudes existentes nas margens do Rio Ave, entre Famalicão e Trofa. Com este trabalho, pretende-se lançar a reflexão sobre a relação entre o património edificado e o território envolvente numa área de cruzamento das fronteiras administrativas de dois concelhos vizinhos.

Pretende-se ainda mostrar que a análise das azenhas e açudes do Rio Ave enquanto "Património Arquitectónico", não deve ser restrita ao edifício mas deve sempre englobar o núcleo composto pelo conjunto edificado envolvente que, regra geral, é constituído por duas azenhas, um açude, um armazém de cereal, a casa do moleiro, o abrigo dos animais, o sistema de rega, o grupo de espécies vegetais e animais e todos os elementos que contribuem para a valorização do conjunto. Estudar uma Azenha na margem direita sem conhecer a Azenha da margem esquerda seria um estudo incompleto, a história de ambas cruzaram-se e relacionaram-se ao longo de séculos. Nesse sentido, as azenhas das margens direita e esquerda com o respectivo açude, devem ser entendidas como um núcleo construtivo interligado, que integra um organismo difuso que se estende pelo rio da nascente até à foz, com um ritmo definido.

Deste vasto universo, destaca-se um conjunto de núcleos construídos nas margens do rio Ave que representam a actividade pré industrial da região. As azenhas e açudes, são construções que reúnem em si, um conjunto de valores, sejam eles de memória, industriais/económicos ou artísticos, que integrados na paisagem contribuem para a preciosa ancoragem entre passado/presente Homem/Natureza. Este factor implica indubitavelmente uma reflexão sobre este património específico que se dilui no tempo, e que infelizmente se degrada dia após dia.

A exposição pode ser visitada até 26 de Novembro, às segundas-feiras das 14h00 às 19h30, de terça a sexta-feira das 10h00 às 19h30 e aos sábados das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00.

SEMINÁRIO DEBATE PASSADO E FUTURO DAS AZENHAS E AÇUDES DO RIO AVE

Entretanto, no sábado, dia 5 de Novembro, Famalicão reúne um leque variado de especialistas e académicos da área do património para debater "Património Periférico – Cultura e Território". Hoje em dia, falar das azenhas e açudes de um rio é falar de história, de evolução, de cultura, de vida, mas é também, cada vez mais, falar de futuro e de turismo. É precisamente com este objectivo que se realiza o seminário, pelas 10h00, no auditório da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco.

O seminário conta com a participação de cerca de uma dezena de conferencistas, oriundos de diversas instituições, que vão apresentar casos práticos do trabalho já realizado nesta área. É o caso da investigadora Cláudia Silveira, que vai apresentar a experiência do Ecomuseu do Seixal. O evento conta ainda com as presenças da especialista do Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios (Icomos) Mariana Correia, do representante da Rede Portuguesa de Moinhos, Jorge Miranda, do arquitecto portuense responsável por vários projectos urbanísticos, Francisco Barata Fernandes, do professor de arquitectura da Universidade de Lisboa, Carlos Santos, entre outros.

Tendo como ponto de partida um trabalho de investigação realizado pelo arquitecto Rogério Matos sobre a história da actividade e tecnologias associadas de 15 azenhas e 9 açudes localizados no Vale do Ave, a cerca de 20 quilómetros da foz, o seminário pretende apontar soluções para a preservação e valorização deste património histórico.

Entre as várias curiosidades desvendadas no trabalho de investigação destaque para a existência de referências, que indicam a exportação de farinha para a Alemanha durante a Segunda Grande Guerra Mundial, produzida por Azenhas de Vila Nova de Famalicão.

De resto, as Azenhas e Açudes do Rio Ave, são considerados pontos qualificadores do território que permitem uma viagem na memória e estabelecem uma ligação cultural com o passado. São âncoras determinantes para o reforço da identidade da população que durante séculos teve o rio como recurso principal para o exercício das suas actividades primárias. Reflexo das alterações socioeconómicas verificadas nas últimas décadas, relacionadas essencialmente com o decréscimo da actividade agrícola e o aumento da industrialização, o Rio Ave e as suas margens, deixaram de ser um território com vida própria para se tornar muitas vezes num território esquecido.

Neste âmbito, o seminário pretende ser mais um contributo numa discussão cada vez mais necessária, sobre as mais-valias que este território disponibiliza.

As inscrições são gratuitas e podem ser efectuadas on-line no sítio da Internet do Município de Vila Nova de Famalicão (www.vilanovadefamalicao.org/_exposicao_e_seminario). As iniciativas contam com os apoios institucionais do IGESPAR, ICOMOS (International Council on Monuments and Sites), TIMS (International Molinological Society) Município da Trofa, Rede Portuguesa de Moinhos e Quercus.


Original Page: http://www.cm-vnfamalicao.pt/_patrimonio_a_prova_de_agua_azenhas_e_acudes_do_rio_ave_em_exposicao_na_biblioteca_municipal

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