04 setembro 2010

O PS e o Estrago Social

Artigo de opinião publicado na edição de Agosto do Jornal "Repórter Local"

No comício que marcou o regresso do Partido Socialista à actividade política depois das férias, o eng.º Sócrates lançou um descabelado ataque ao PSD e ao seu Presidente, Pedro Passos Coelho. A acreditar em José Sócrates, o PSD pretende acabar com o Serviço Nacional de Saúde. Mesmo sabendo que já pouca gente acredita em José Sócrates, esta afirmação merece ser vigorosamente desmentida e contrariada.

Em primeiro lugar, porque é falsa. Depois, porque o Partido Socialista tem feito desta desta questão o eixo fundamental da sua argumentação política. Finalmente, porque ao tratar desta questão de forma insuportavelmente demagógica, o PS (ou melhor, Sócrates) está a fomentar o medo e a inveja entre os Portugueses, para além de estar a queimar pontes que serão essenciais para reformas futuras, num área esencial.

Como é evidente, o PSD não pretende acabar com o Serviço Nacional de Saúde. O que o PSD não faz é olhar para os beneficios sociais que o Estado concede aos Portugueses como uma realidade estática e desfasada do mundo. O PS, pelo contrário, parece achar que está tudo bem e vai de gritar e berrar que no “Estado Social” não se toca. O PS, que se quis mostrar como um partido reformista, mostra que afinal é bem reaccionário.

Só que as grandiosas declarações de intenção não resistem à análise dos factos. Enquanto grita que defende o “Estado Social”, o governo socialista fecha escolas, reduz o subsidio de desemprego, reduz as reformas e corta no rendimento social de inserção. Ao mesmo tempo que berra que o PSD quer acabar com o Serviço Nacional de Saúde, é o Partido Socialista que encerra urgências, deixa os doentes horas sem fim à espera por uma consulta num centro de saúde, ou meses à espera por uma operação num hospital.

A verdade é que o actual estado de coisas é insustentável, como bem avisou já o Presidente da República. O Estado gasta mais do que pode. E em vez de cortar na despesa, o PS recorre a aumentos de impostos. Mais impostos e mais impostos. E quando não são os impostos que aumentam, são os beneficios fiscais que desaparecem, o que vai dar ao mesmo. Em troca os portugueses recebem menos e piores serviços. É isto que o PS oferece.

Manuela Ferreira Leite bem avisou o ano passado que “não havia dinheiro para nada”. Sócrates, pelo contrário, sabendo que não havia dinheiro, prometeu um TGV para irmos comprar caramelhos, um aeroporto, além de novas auto estradas. Passaram poucos meses e não há TGV, nem aeroporto nem novas autoestradas. Mais, as autoestradas que o PS mandou fazer a crédito e a que ironicamente chamou SCUT (Sem Custos para o Uilizador) vão passar as ser pagas. Mas o pior ainda está para vir, porque os encargos com as famosas parcerias público-privadas vão duplicar em 2014.
Com a última campanha eleitoral, o PS mostrou que um político antes de umas eleições pode mentir mais que um caçador depois de uma caçada.

O PS tem já uma consolidada reputação em chegar tarde à realidade. Por exemplo, a seguir ao 25 de Abril o PS defendia a irreversibilidade das nacionalizações e mais tarde foi contra as privatizações. Hoje o mesmo PS privatiza tudo e mais um par de botas, até mesmo os Correios. Também nas questões sociais, da saúde às aposentações, passando pela educação, o PS acabará por reconhecer que é preciso procurar soluções alternativas e complementares às oferecidas pelo Estado.

Miguel Monteiro
Vogal da Comissão Política do Núcleo do PSD Joane

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